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Os Médiuns e os Espíritos

Allan Kardec

Revista Espírita/julho/1863

 

 Ninguém pode se tornar bom médium se não chega a se despojar dos vícios que degradam a Humanidade. Todos esses vícios têm sua origem no egoísmo, e como a negação do egoísmo é o amor, toda virtude se resume nesta palavra: Caridade.

 A caridade ensinada por este preceito: Quod tibi non vis, etc. Deus não a tem somente gravada, de maneira indelével, no coração do homem, mas sancionou por seu próprio fato em nos dando seu Filho por modelo de caridade e de abnegação. Se ela deve  ser o guia de cada um, em qualquer condição social que isso chega, é sobretudo a condição sine qua non de todo bom médium.

Todo homem pode se tornar médium, mas a questão não é ser médium, trata-se de ser bom médium, o que depende das qualidades morais. Os Espíritos, é verdade, se comunicam aos homens em todas as condições, mas com a missão de aperfeiçoá-los se suas qualidades são boas; e operam esse aperfeiçoamento submetendo-os às mais duras provas para purificá-los, provas que o homem de bem suporta sem desmentir o sentimento moral de sua consciência e sem se deixar afastar do bom caminho pela tentação. Àqueles cujas qualidades são más, os Espíritos se comunicam para guiá-los pela mão e conduzi-los a uma conduta mais conforme à razão e mais em harmonia com o objetivo para o qual deve tender todo homem persuadido de que sua existência, neste mundo, não é outra coisa senão uma expiação. Quando tem mistura de bem e de mal, os Espíritos provocam a melhoria por meios intermediários.

 Muitos serão abandonados pelos seus Espíritos, porque não quererão compreender que a caridade é o único meio de avançar. E, então, infeliz daquele que não tiver querido escutar a voz da verdade! Deus perdoa à ignorância, mas não àquele que faz o mal conscientemente. O objetivo de nossa missão é o vosso adiantamento moral, e o vosso dever é igualmente de vos melhorar; mas não espereis adiantamento de nenhuma espécie sem a caridade.

 

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